para o
jamiroo
num recente comment às minhas referências de plagiadores da nossa praça perguntava-me o jamiroo: que história é essa do Diogo Morgado? pois bem, o nosso caro Morgado em 2001 decidiu escrever uma peça chamada (O)Pressão (reparem como Morgado não parece incomodado com o facto de Pressão ser do género feminino), que seria depois levada à cena na Casa do Artista, onde para além do próprio Morgado, participavam algumas das novas estrelas da nossa televisão (Pedro Granger, Paula Neves, etc). o problema é que as semelhanças com o filme O Clube de John Hughes eram tão flagrantes que ao primeiro visionamento foram diversas as vozes que se levantaram acusando o jovem Morgado de plágio. de tal forma que a peça foi retirada de cena e Morgado deu uma entrevista à Focus procurando minimizar a questão. a entrevista que publico na integra é essa sim uma verdadeira obra prima, do mais hilariante que já li e de fazer corar de inveja o próprio John Cleese. menos engraçadas são as consequências que o jovem Morgado teve de enfrentar: ou seja nenhumas. o rapaz lá foi para a Amazónia contracenar com a Maitê Proença e arruinar o pouco que restava de bom ao filme do Leonel. depois quando regressou já o assunto estava esquecido e o caro Morgado lá continuou a sua vidinha.
mas passemos à entrevista propriamente dita:
(O) Pressão, peça de Diogo Morgado em cena na Casa do Artista, foi suspensa por suspeita de plágio. Em causa estão extraordinárias semelhanças com o filme "O Clube", de John Hughes (1985). Morgado, de 21 anos, justifica-se e anuncia a partida para o Brasil, onde vai filmar A Selva, de Leonel Vieira
Focus: Quando escreveu (O)Pressão, não se apercebeu de que estava a copiar The Breakfast Club/O Clube, de John Hughes?
Diogo Morgado: É assim: aqui só se pode falar em plágio no que diz respeito às cinco personagens, porque o filme passa-se numa sala normal e a peça numa cave cheia de tubos. Realmente, as semelhanças são muito grandes, e eu tenho de assumir que me inspirei no filme. Mas vi-o há cinco anos, com os meus pais, e só vi um bocadinho do início.
F: Como explica, então, que tanto o filme como a peça acabem com um beijo entre o marginal e a betinha?
DM: É uma coincidência.
F: O que diria a John Hughes se, algum dia, tivesse a oportunidade de explicar-lhe o sucedido?
DM: Nem sabia que o filme era do John Hughes... Mas dizia-lhe: "Obrigado pela ideia" e explicava-lhe que, hoje em dia, está tudo inventado. Claro que estas coincidências não podem acontecer assim, por dá-cá-aquela-palha. Mas ninguém me tira da cabeça que a peça é da minha autoria.
F: Porque é que a peça foi suspensa uma semana antes do prazo? Os actores que trabalharam consigo reagiram a mal à notícia do plágio?
DM: O Pedro Granget foi quem ficou mais desagradado e, por causa disso, decidimos não fazer os espectáculos deste fim-de-semana. Mas eu também tinha de resolver alguns problemas logísticos, relativos ao bar que tenciono abrir e à minha partida para o Brasil...
F: O que gostaria de dizer aos espectadores que pagaram para ver a sua peça, imaginando que se tratava de uma coisa original?
DM: Peço-lhes desculpa. O meu processo criativo não foi o melhor.
F: Os três meses que vai passar agora na Amazónia, em filmagens, vão permitir que assente a poeira em torno da polémica?
DM: De facto, isto tem-me dado algumas dores de cabeça. Mas até preferia ficar cá, para me justificar melhor.
F: A que cuidados se vai obrigar quando escrever uma nova peça?
DM: Já tenho diversas coisas na gaveta, mas inspiradas rigorosamente em mim. Terei especial cuidado em não aproximar-me do universo de nenhum autor.
Joel Neto (Focus, 12.05.2001)
Merecia ou não uma encenação teatral esta entrevista? dramaturgos do nosso país toca a arregaçar as mangas e pôr mãos à obra.