Tuesday, June 29, 2004

La America



I

Como é que é? depois de toda a dor passar, como é o outro lado?
humm... é parecido com São Francisco.
Uma cidade... ainda bem, estava com medo que fosse um jardim. detesto essas merdas!

II

o tipo que compôs o hino (americano) sabia o que estava a fazer. colocou a palavra liberdade num tom tão alto que ninguém consegue lá chegar.

In "Anjos na América"

Thursday, June 24, 2004

O Sorriso



Creio que foi o sorriso,
O sorriso foi quem abriu a
porta.
Era um sorriso com
muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa,
ficar nu dentro daquele
sorriso.
Correr, navegar, morrer
naquele sorriso.

Eugénio de Andrade
(em resposta ao desafio do ClanDestino)

Alguém sabe se...

... o Vasco Rato já fez o pino todo nu no Rossio? ou será que o professor ainda acalenta a esperança de que vão ser encontradas armas de destruição maciça no Iraque?

Tuesday, June 22, 2004

Dispersão

"Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto.
É com saudades de mim."

Mário de Sá-Carneiro (fragmento)

Eu o Outro


(última fotografia de Fernando Pessoa tirada por Augusto Ferreira Gomes em 1935)

30 de Novembro de 1935. depois de anos de dispersão e fragmentação, procurando na desmultiplicação do “eu” a convergência do uno, Fernando Pessoa no leito de morte, regressa à língua primordial em que escreveu o seu primeiro poema, e reduz todo o mistério da vida à sua essência mais simples, mais despojada, rabiscada a lápis num pequeno papel amarrotado. numa letra trémula escreve pela última vez: “I know not what tomorrow will bring”.

Monday, June 21, 2004

O Plágio

para o jamiroo

num recente comment às minhas referências de plagiadores da nossa praça perguntava-me o jamiroo: que história é essa do Diogo Morgado? pois bem, o nosso caro Morgado em 2001 decidiu escrever uma peça chamada (O)Pressão (reparem como Morgado não parece incomodado com o facto de Pressão ser do género feminino), que seria depois levada à cena na Casa do Artista, onde para além do próprio Morgado, participavam algumas das novas estrelas da nossa televisão (Pedro Granger, Paula Neves, etc). o problema é que as semelhanças com o filme O Clube de John Hughes eram tão flagrantes que ao primeiro visionamento foram diversas as vozes que se levantaram acusando o jovem Morgado de plágio. de tal forma que a peça foi retirada de cena e Morgado deu uma entrevista à Focus procurando minimizar a questão. a entrevista que publico na integra é essa sim uma verdadeira obra prima, do mais hilariante que já li e de fazer corar de inveja o próprio John Cleese. menos engraçadas são as consequências que o jovem Morgado teve de enfrentar: ou seja nenhumas. o rapaz lá foi para a Amazónia contracenar com a Maitê Proença e arruinar o pouco que restava de bom ao filme do Leonel. depois quando regressou já o assunto estava esquecido e o caro Morgado lá continuou a sua vidinha.
mas passemos à entrevista propriamente dita:

(O) Pressão, peça de Diogo Morgado em cena na Casa do Artista, foi suspensa por suspeita de plágio. Em causa estão extraordinárias semelhanças com o filme "O Clube", de John Hughes (1985). Morgado, de 21 anos, justifica-se e anuncia a partida para o Brasil, onde vai filmar A Selva, de Leonel Vieira

Focus: Quando escreveu (O)Pressão, não se apercebeu de que estava a copiar The Breakfast Club/O Clube, de John Hughes?

Diogo Morgado: É assim: aqui só se pode falar em plágio no que diz respeito às cinco personagens, porque o filme passa-se numa sala normal e a peça numa cave cheia de tubos. Realmente, as semelhanças são muito grandes, e eu tenho de assumir que me inspirei no filme. Mas vi-o há cinco anos, com os meus pais, e só vi um bocadinho do início.

F: Como explica, então, que tanto o filme como a peça acabem com um beijo entre o marginal e a betinha?

DM: É uma coincidência.

F: O que diria a John Hughes se, algum dia, tivesse a oportunidade de explicar-lhe o sucedido?

DM: Nem sabia que o filme era do John Hughes... Mas dizia-lhe: "Obrigado pela ideia" e explicava-lhe que, hoje em dia, está tudo inventado. Claro que estas coincidências não podem acontecer assim, por dá-cá-aquela-palha. Mas ninguém me tira da cabeça que a peça é da minha autoria.

F: Porque é que a peça foi suspensa uma semana antes do prazo? Os actores que trabalharam consigo reagiram a mal à notícia do plágio?

DM: O Pedro Granget foi quem ficou mais desagradado e, por causa disso, decidimos não fazer os espectáculos deste fim-de-semana. Mas eu também tinha de resolver alguns problemas logísticos, relativos ao bar que tenciono abrir e à minha partida para o Brasil...

F: O que gostaria de dizer aos espectadores que pagaram para ver a sua peça, imaginando que se tratava de uma coisa original?

DM: Peço-lhes desculpa. O meu processo criativo não foi o melhor.

F: Os três meses que vai passar agora na Amazónia, em filmagens, vão permitir que assente a poeira em torno da polémica?

DM: De facto, isto tem-me dado algumas dores de cabeça. Mas até preferia ficar cá, para me justificar melhor.

F: A que cuidados se vai obrigar quando escrever uma nova peça?

DM: Já tenho diversas coisas na gaveta, mas inspiradas rigorosamente em mim. Terei especial cuidado em não aproximar-me do universo de nenhum autor.

Joel Neto (Focus, 12.05.2001)

Merecia ou não uma encenação teatral esta entrevista? dramaturgos do nosso país toca a arregaçar as mangas e pôr mãos à obra.

Wednesday, June 16, 2004

The Shining



all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy all work and no play makes jack a dull boy

Wednesday, June 09, 2004

Os Marginais



do Lat. marginale

adj. 2 gén.,
da margem;
que diz respeito a margem;

s. 2 gén.,
pessoa que vive à margem da sociedade ou da lei; delinquente.


Marlon Brando - On The Waterfront


Montgomery Clift, Marilyn Monroe, Clark Gable - The Misfits


James Dean - Rebel Without a Cause


Johnny Depp - Edward Scissorhands

Sunday, June 06, 2004

Porque será que ...

sussurramos as palavras
Depois do que ousámos gritar
Por entre um mar de lençóis orlados de espuma
Arremetidos pelas vagas/sombras desenhadas?

Saturday, June 05, 2004

Titalo



por detrás de um grande filme está sempre um grande titulo, se bem que os portugueses gostem de os assassinar com traduções absolutamente desastrosas. Um exemplo recente é o belissimo "Eternal Sunshine of the Spotless Mind", por cá despachado com um "Despertar da Mente" ou igualmente ridiculo "De Olhos Bem Abertos" face ao intraduzivel "Eyes Wide Shut".
Melhor sorte teve "Lost In Translation", que há falta de melhor safou-se com "O Amor é um Lugar Estranho", o que não deixa de ser, antes de mais uma grande verdade. mas o contrário também acontece "When Father Was Away on Business", uma das primeiras obras de Emir Kusturica (e uma das minhas preferidas) resulta na minha opinião bastante melhor em português, com um ternurento "O Papá foi em viagem de Negócios". Já "A Streetcar Named Desire"/"Um Eléctrico Chamado Desejo" resulta bem em ambas as versões, assim como "Flying Over The Cukoo's Nest"/"Voando Sobre um Ninho de Cucos". Surrealista é no minimo o que se pode dizer de "Eraserhead" que por cá ganhou o sub-titulo de "No Céu Tudo é Perfeito".Blade Runner, não é um mau titulo mas nada que se compare ao livro de que foi adaptado, da autoria de Phillip K. Dick, intitulado "Do Androids Dream of Electric Sheep?".

Thursday, June 03, 2004

Grandaddy



Levitz

Wrong to say that I am giving up
Right to say that I ain't showing up
I've got pictures at my home and doors that
Transform me alone
Sunny days should leave a message on my phone
I don't think I'm gonna miss you much
For I've got dials and knobs soft to the touch

All your lectures will become converted into static hum
Sunny days should leave a message on my phone
Oh to sleep per chance to dream
To live again those joyous scenes
The laughter and the follies that
Are locked away inside my head


Grandaddy - The Broken Down Comforter Collection

Tuesday, June 01, 2004

Still

O que é que eu faço? - pergunta o jovem homossexual judeu dilacerado pela culpa, ao velho Rabi.
Oh, sei lá... vai ver um Padre e não me aborreças - dispara o venerando Rabi.
Mas eu sou judeu - contrapõe o rapaz num lamento desesperado
Então azar o teu porque os cristãos é que acreditam no perdão. os judeus só na culpa.

Em "Anjos na América"

The Severed Garden



Wow, I'm sick of doubt
Live in the light of certain
South
Cruel bindings.
The servants have the power
dog-men and their mean women
pulling poor blankets over
our sailors

I'm sick of dour faces
Staring at me from the TV
Tower, I want roses in
my garden bower; dig?
Royal babies, rubies
must now replace aborted
Strangers in the mud
These mutants, blood-meal
for the plant that's plowed.

They are waiting to take us into
the severed garden
Do you know how pale and wanton thrillful
comes death on a strange hour
unannounced, unplanned for
like a scaring over-friendly guest you've
brought to bed
Death makes angels of us all
and gives us wings
where we had shoulders
smooth as raven's
claws

No more money, no more fancy dress
This other kingdom seems by far the best
until it's other jaw reveals incest
and loose obedience to a vegetable law.

I will not go
Prefer a Feast of Friends
To the Giant Family.

Jim Morrison

American Angels



Estreou ontem na 2 e tem tudo para ser uma série perfeita: o selo da HBO (Sexo e a Cidade, Os Sopranos, Sete Palmos de Terra), o Al Pacino, a Meryl Streep e a Emma Thompson, (e já agora também a Mary-Louise Parker) a cidade de Nova Iorque, as melhores piadas sobre mormons e republicanos que já ouvi nos últimos tempos, e claro anjos (que neste primeiro episódio ainda não fizeram a sua aparição). E sobretudo uma forma extremamente original de apresentar o flagelo do século, uma epidemia que em 1985 já tinha nome, mas sob a qual ninguém sabia rigorosamente nada, a não ser que infectava homossexuais e toxicodependentes, destruindo-lhes o sistema imunitário e deixando-os vulneráveis a doenças que de outra forma nunca se manifestariam. Um exemplo é o sindroma de Karposi, o estigma da doença marcado na pele como um sinal para a morte. Ou nas palavras de Al Berto:

aqueles que têm nome e nos telefonam
um dia emagrecem - partem
deixam-nos dobrados ao abandono
no interior duma dor inútil muda
e voraz

arquivamos o amor no abismo do tempo
e para lá da pele negra do desgosto
pressentimos vivo
o passageiro ardente das areias - o viajante
que irradia um cheiro a violetas nocturnas

acendemos então uma labareda nos dedos
acordamos trémulos confusos - a mão queimada
junto ao coração

e mais nada se move na centrifugação
dos segundos - tudo nos falta

nem a vida nem o que dela resta nos consola
a ausência fulgura na aurora das manhãs
e com o rosto ainda sujo de sono ouvimos
o rumor do corpo a encher-se de mágoa

assim guardamos as nuvens breves os gestos
os invernos o repouso a sonolência
o vento
arrastando para longe as imagens difusas
daqueles que amámos e não voltaram
a telefonar

Al Berto "Sida"