Thursday, March 24, 2005

Les Soldats Perdus

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Tiveram de passar 22 anos para podermos assistir a Apocalypse Now na sua versão mais verdadeira... mais apocalíptica.
Les Soldats Perdus chama Roxanne aos soldados de olhos tristes, cansados da guerra.

"We are the hollow men.
We are the stuffed men leaning together at peace filled with straw.
Alas, our dried voices when we whisper together are quiet and meaningless as wind in dry grass, or a rat's feet over broken glass in a dry cellar.
Shape without form, shade without color, paralyzed force, gesture without motion."


From T. S. Eliot's poem The Hollow Men.

Monday, March 21, 2005

Dia Mundial da Poesia

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O Menino da sua Mãe

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
– Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
É boa a cigarreira,
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.

Fernando Pessoa, 1926

Thursday, March 17, 2005

A New Blog Is Born

Nasceu um novo blog, para o qual eu humildemente contribuí com as questões técnicas e o designado apoio moral.
Quando decidi construir o Céu Sobre Berlim defini à priori uma série de regras, uma espécie de manifesto não declarado e informal. não me expôr para além do estritamente necessário foi uma dessas regras. escondi-me por detrás de poemas, filmes, histórias vividas por outros, no blog como na vida de resto. admiro contudo a capacidade de exteriorizar os sentimentos, de colocar preto no branco as alegrias e as tristezas que compõem o quotidiano de todos nós. admiro a coragem da Catarina, como admiro a força com que enfrenta as dificuldades intrinsecas ao acto de viver.
acredito também que o amor é tudo o que precisamos. que o amor não é a solução, mas o caminho. e que é o amor que nos escolhe, por razões que a razão desconhece e que não cabe a nós questionar os porquês. apenas aceitar como uma dádiva o amor que nos é oferecido e retribuir do mesmo modo. até porque como diria o Ewan MacGregor em Moulin Rouge: "the greatest thing you'll ever learn, is just to love... and be loved in return".

Wednesday, March 16, 2005

O Corvo

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E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!


"The Raven" de Edgar Allan Poe, traduzido por Fernando Pessoa