O Céu Sobre Berlim III
Berlim, meados de 70. O muro de Berlim entra na sua 4ª e derradeira fase, David Bowie, refugia-se na cidade e grava três álbuns (“Low” e “Heroes” de 1977 e “Lodge” de 1979) que ficariam para a posterioridade como a trilogia berlinense, Christiane F. uma adolescente de 14 anos, relata a dois jornalistas a sua experiência enquanto toxicodependente. O livro narrado na primeira pessoa, é um grito de alerta para um fenómeno que começou a emergir com o fim da era hippie. As canções já não falam de paz e harmonia ou de amor enquanto salvação, as flores do “Flower Power” murcharam e com elas todos os ideais e utopias, erguidos em manifestações de protesto num agitar de braços e de dedos em V. As drogas também mudaram. O LSD e a cannabis, consumidas em rituais comunitários de celebração e partilha, durante grande parte dos anos 60, cedem a pouco e pouco à individualista e alienatória heroína. No Way Out, canta Lou Reed, ainda com os Velvet Underground. É uma geração inteira que mergulha no desespero do vazio, sem perspectivas de futuro, entregam-se à promessa de paraíso, mas o que descobrem é outro inferno, ainda pior do que as suas próprias vidas. Sobre o Céu de Berlim, espessas nuvens de chuva abatem-se sobre a zona de Banhof Zoo.