Os Novos Realistas
os alemães foram talvez os percursores, quando o cinema dava ainda os primeiros passos e procurava sobretudo entreter e divertir. Fritz Lang, Murnau, Sternberg, deram uma outra perspectiva ao cinema, procurando sobretudo captar a realidade mais negra da sociedade, e tantas vezes ignorada. depois vieram os italianos e mais recentemente os ingleses, com os seus filmes anti-Thatcher, e as filas de desempregados de uma indústria em decadência. as duras condições de vida dos operários e mineiros, dos pobres, das prostitutas e dos deserdados da vida, eram (e são) os temas centrais de histórias onde não há lugar para happy end, nem espaço para a redenção.
No entanto o que me levou a escrever este post foi um filme americano que vi recentemente em cópia restaurada. Broken Blossoms de 1919 do cineasta americano D.W. Griffith por cá traduzido por O Lirio Quebrado, é um filme espantoso sobre a intolerância religiosa na Inglaterra do inicio do século XX, confrontada com os primeiros fluxos de imigração provenientes na maioria das suas colónias espalhadas pelo mundo. Mas é também uma extraordinária história de amor entre um missionário chinês, e uma rapariga dos bairros operários do sul de Londres, dominada pela brutalidade paterna e pelas adversidades da vida. E é sobretudo impressionante constatar, o que é por demais óbvio que apesar das espantosas conquistas tecnológicas ao longo destes últimos 85 anos que nos permitiram voar a velocidades supersónicas, ir ao espaço e tratar de doenças julgadas incuráveis, na verdade não evoluímos nada como seres humanos.
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