Saturday, January 24, 2004

O Quarto do Filho



como sobreviver a quem nos morre? que fazer de todos os sentimentos que nos sobejam, como ignorar o vazio que nos corrói por dentro, como alimentar o desejo carnal do toque quando é o nada que nos fita? como calar tantas perguntas sem resposta, tantas palavras que ficaram suspensas no limbo do que não chegámos a dizer?
teremos de passar por tudo isso sim. não há volta a dar-lhe. vamos ter de nos contorcer de dores na escuridão intacta dos quartos, irremediavelmente vazios. atravessar a desolação dos dias sem ninguém, de olhos fixos no pretérito perfeito de outros tempos mais felizes.
então uma nova manhã há-de chegar. já não seremos mais os mesmos, mas podemos ser diferentes. poderemos até ser melhores.

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