Friday, July 30, 2004

Psicopátria



Menos de um ano depois dos grandes incêndios que devastaram o país de norte a sul, e quando alguns diziam que já não restava grande coisa para arder, eis que regressam as chamas com mais vigor ainda, a ameaçar destronar o record de área ardida no ano passado. Aldeias rodeadas pelas chamas; pessoas obrigadas a deixar para trás casas e uma vida de trabalho, áreas de paisagem protegida perdidas para sempre, um imenso património reduzido a cinzas fumegantes. Tudo isto perante a impassibilidade criminosa dos nossos governantes, cujas promessas se extinguem assim que termina o Verão e com ele as chamas assassinas. Com este governo de Santana Lopes as perspectivas são ainda mais assustadoras. De tantas piadas e anedotas que se contam sobre Santana, este tornou-se uma caricatura, a ponto de nos esquecermos que é nas mãos deste homem que jazem os destinos da nação, e que os danos que ele pode provocar no país durante dois anos podem ser tão devastadores como os incêndios que lavram no país.
Um país que tem sido assassinado aos poucos, por políticos incompetentes fiéis apenas à sua sede de poder, à sua imensa arrogância, à sua flagrante incapacidade de escapar aos lobbies e ao compadrio. Os nossos rios, as nossas florestas, a nossa orla costeira, as nossas cidades, vilas e aldeias, o ar que respiramos, são os testemunhos moribundos de uma politica ambiental vergonhosa a que se juntam outras calamidades menos perceptíveis a curto-prazo. E o mais assustador é que os homens que poderiam dar um contributo sério e empenhado, estão cansados, desiludidos, desencantados. A política populista e mesquinha, não é exclusiva de Santana Lopes ou do PP. Está a minar tudo e todos, bastando olhar para as juventudes partidárias para percebermos que as perspectivas futuras são as piores possíveis. Por isso gostei tanto de ouvir o Manuel Alegre na entrevista de ontem na RTP. Apesar de todas as desilusões, de todas as guerras perdidas, é um homem que continua a acreditar numa alternativa à ordem pré-estabelecida, que encara a politica com espírito de missão e com o coração, e não um mero robô que programou um discurso circular desprovido de conteúdo, delineado para criar a ilusão de que se está efectivamente a dizer qualquer coisa.

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