Wednesday, June 22, 2005

Hartley o Fatalista

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(...) Rosebud ficou sendo quase uma chave gnomônica; por outro lado deu margem a mais aventuras de compreensão que o «Soneto das vogais» de Rimbaud.
Uns achavam que rosebud era o trenó, tout à fait, e esses poderiam ser classificados como “realistas”; outros achavam que rosebud era a lembrança da neve, a memória dos tempos de menino; e esses revelaram-se imediatamente «fatalistas». Para muitos rosebud não existia, era o mistério da personagem, a sua ligação com Deus – e esses eram positivamente os «metafísicos». Outros não sabiam o que queria dizer rosebud, e para esses o reino dos céus está garantido. E nessa mesma categoria, adiantavam-se novos, de mau caráter, que não gostavam do filme todo só porque não entendiam rosebud ou achavam que rosebud era besteira, negócio de poesia, coisa sem cabimento. A estes dedicou Otávio de Faria longas páginas nos seus romances. Eles se chamam «Pedro Borges» (...).

Excerto de “Rosebud”, crónica de Vinicius de Moraes, publicada a 12 de Outubro de 1941 no jornal “A Manhã”.

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