Tuesday, April 19, 2005

Meat is Murder?



Lars Von Trier está de regresso com o segundo tomo da trilogia “America – Land of Oportunities”, e como não podia deixar de ser a polémica também. Depois da relação amor/ódio com Björk em “Dancer in the Dark”, e da coleira de Nicole Kidman em “Dogville”, desta vez é um burro que está no epicentro do cataclismo em “Manderlay”. Ao que parece o realizador filmou o abate do animal e o posterior esventramento, o que levou as associações de defesa dos animais aos “arames”, e também de muitas almas caridosas. O facto do burro ser velho, doente em fase terminal e ter sido morto com a assistência de um veterinário não chegou para amenizar os ânimos. Será que se Trier tivesse filmado a matança de um porco, o efeito seria o mesmo? Ou se tivesse filmado o processo de abate de animais em qualquer uma das milhares de suiniculturas e pecuárias que proliferam de norte a sul do país? Um amigo meu, técnico de produção animal descreveu-me uma vez o cenário: 4 a 5 animais são mantidos num curral com espaço para apenas um, para a engorda. Quando estão “no ponto” são conduzidos para um curral maior onde na parede do fundo existe um buraco onde cabe apenas um animal. Os animais são conduzidos um a um para esse orifício, à custa de muita pancada pois a maioria deles nem consegue andar devido ao atrofiamento dos membros. Uma vez entrados naquele espaço levam uma descarga eléctrica na cabeça (que muitas vezes apenas os deixam atordoados), e são içados com ganchos, esventrados, esfolados e passados por água a ferver, num processo que não demora mais de dez minutos. No fim do processo os músculos ainda latejam. Continuei depois disso a comer carne.
Quanto à eutanásia do burro, Trier já disse que ia retirar a cena "para não perturbar o visionamento do filme"... lá se vão os 15 minutos de fama de mais um asno catapultado para a fama.

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